Financiamento de energias limpas em África

Embora África represente um quinto da população mundial, atualmente a região atrai apenas 3% do investimento global em energia. Até 2030, o investimento em energia tem de duplicar para mais de 200 mil milhões de dólares por ano, para que os países africanos possam alcançar todos os seus objetivos de desenvolvimento relacionados com a energia, incluindo o acesso universal a serviços de energia modernos, garantindo em simultâneo o cumprimento pleno e atempado das suas contribuições nacionalmente determinadas.

Financiamento de energias limpas em África, um Relatório Especial do World Energy Outlook, as principais conclusões do Africa Energy Outlook 2022, que introduziu o Cenário da África Sustentável (Sustainable Africa Scenario – SAS), e apresenta inovadoras soluções de investimento aplicadas a todo o continente, cruciais para o aumento do investimento em energia. O relatório desenvolve uma teoria da mudança baseada nos efeitos indiretos positivos associados ao aumento das disponibilidades de capital para projetos de energia limpa. Atualmente, os custos de capital para projetos no sector da energia nos países africanos são pelo menos duas a três vezes mais elevados do que nas economias avançadas e na China, o que dificulta os investimentos devido ao aumento dos custos dos projetos.

A Agência Internacional de Energia (AIE) e o Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento uniram forças para produzir este novo relatório, o qual beneficiou da análise de mais de 85 estudos de caso e de mais de 40 entrevistas com stakeholders. O relatório foca-se numa série de tópicos, abrangendo as tecnologias e os prestadores de serviços de financiamento, incluindo instituições locais, e analisa os tipos de capital mais adequados às especificidades de cada setor ou tecnologia. A análise presta especial atenção à questão de como aumentar o investimento privado, incluindo o papel do apoio das instituições financeiras de desenvolvimento (IFDs) e dos doadores na redução do risco: até 2030, serão necessários 28 mil milhões de dólares de capital concessional para mobilizar os necessários 90 mil milhões de dólares de investimento privado em energia limpa. Aumentar o papel do setor privado permitirá às IFDs e aos doadores reforçarem também o apoio a áreas não comerciais, nomeadamente, ambiente propício adequado, tecnologias não comprovadas e Estados frágeis e afetados por conflitos.